sexta-feira, 24 de outubro de 2014

FARMACOLOGIA VI

2.1.1 Via Oral

O processo cinético da absorção pode ser apresentado de uma maneira melhor se utilizarmos o exemplo da administração por via oral. A via oral é geralmente considerada a via mais conveniente e aceitável de administrar um medicamento, já que o ato de engolir é a maneira natural de ingerir alimentos ou bebidas. Além disso, a maior parte dos leigos não requer a ajuda de um profissional da saúde para tomar medicamentos pela boca (mas com injeções, por exemplo, eles podem precisas de assistência).

Uma vez que a droga foi ingerida, um número de processos e eventos determinam a real absorção das moléculas da droga para dentro da corrente sanguínea:

- Fórmulas orais de drogas (formas de administração oral) são confeccionadas para permitir que a droga ativa se dissolva na luz do trato gastrointestinal (trato GI). A maior parte dessas formas dosagem se dissolverá dentro do estômago, a não ser que tenham sido especificamente formuladas para se desintegrar e se dissolver mais abaixo no canal alimentar. (Comprimidos de liberação intestinal, por exemplo, são confeccionados para dissolver no ambiente alcalino do intestino delgado em lugar do ambiente ácido do estômago). Formas de administração líquidas são as fórmulas orais que melhor são absorvidas.

- O estômago não pode ser visto como um órgão de absorção, mas pode permitir que algumas das moléculas de drogas dissolvidas entrem na corrente sanguínea. O intestino delgado, entretanto, com sua vasta superfície de absorção, é o sítio primário de absorção de drogas administradas por via oral.
 
- A partir do estômago e do intestino delgado, as moléculas das drogas precisam, então, atravessar uma série de membranas biológicas e barreiras para alcançar a circulação porta hepática.
 
- O sangue que entra na circulação porta se move pela veia porta, fígado, veia cava inferior, lado direito do coração, circulação pulmonar e lado esquerdo do coração, antes de finalmente entrar na circulação sistêmica, a partir da qual as moléculas de drogas absorvidas serão distribuídas para outras partes do organismo. O movimento das moléculas de drogas a partir de seu sítio de absorção no trato GI e por meio da circulação porta hepática é conhecido como sua "primeira passagem" pelo fígado. Essa primeira passagem produz o assim chamado efeito da primeira passagem, ou eliminação pré-sistêmica de certas drogas.
 
Em circunstâncias gástricas normais, o esvaziamento levará até quatro horas, e o tempo de trânsito pelo intestino delgado levará outras seis horas para se completar. A absorção é explicada em mais detalhes nos próximos textos.
 
 

FARMACOLOGIA

Capítulo 2 - Princípios Farmacocinéticos

O conceito de farmacocinética foi apresentado no Capítulo 1. A farmacocinética estuda a maneira como os processos de absorção, distribuição, metabolismo (ou biotransformação) e excreção determinam o destino das moléculas das drogas dentro do organismo vivo.

A absorção é o primeiro dos processos cinéticos. Para que a absorção das moléculas das drogas acontece, a droga precisa primeiramente ser introduzida ou administrada ao organismo.

2.1 As Vias de Administração das drogas

As drogas são normalmente administradas sistemicamente ou aplicadas topicamente. Várias vias podem ser utilizadas para a administração ou liberação sistêmica das drogas no organismo. A mais conveniente e aceitável delas é a via oral.

A liberação tópica de drogas é a aplicação em áreas específicas da superfície corporal, onde elas exercerão efeitos localizados. Um creme ou loção pode, por exemplo, ser aplicado sobre a pele, ou uma preparação oftálmica aplicada nos olhos. Essas drogas não precisam ser absorvidas pela circulação sanguínea sistêmica para ser efetivas. Drogas sistêmicas, no entanto, precisam ser administradas de tal forma que lhes permita ser absorvidas para dentro da circulação sanguínea sistêmica; isso lhes proporcionará um "transportador" efetivo que carregará suas moléculas para as áreas-alvo no organismo. Algumas drogas, entretanto, não requerem transporte, já que podem ser administradas diretamente em suas áreas-alvo. O broncodilatador salbutamol, por exemplo, pode ser inalado diretamente para dentro do trato respiratório inferior. As membranas mucosas das vias aéreas também permitirão a absorção da droga para a circulação pulmonar, mas seu sítio primário de administração é o próprio músculo liso dos brônquios.

Muitas vias diferentes de administração de drogas são usadas na prática clínicas.
Todas as diversas vias têm suas indicações, vantagens e desvantagens. Circunstâncias especiais e situações singulares determinam que via é a mais apropriada para um a via pela qual serão utilizadas. A varfarina, por exemplo, somente pode ser administrada oralmente, enquanto a insulina pode ser injetada parenteralmente. A lista das vias de administração de drogas mais comumente encontradas na pratica clínica esta abaixo.

Vias de administração de drogas:

- Auricular (dentro do ouvido)
- Bucal (aplicada no interior da bochecha)
- Intra-arterial (dentro de uma artéria)
- Intra-articular (dentro do espaço de uma articulação)
- Intracutânea (intradérmica, dentro da pele)
- Inalação (para dentro das vias aéreas inferiores)
- Intramuscular (injeção em tecido muscular esquelético)
- Intratecal (para dentro do canal espinhal)
- Intravenosa (dentro de uma veia)
- Nasal (dentro do nariz)
- Ocular (dentro do olho)
- Per rectum (pelo reto)
- Per vagina (dentro da vagina)
- Subcutânea (hipodérmica, logo abaixo da pele)
- Sublingual (colocada embaixo da língua)
- Tópica (aplicada a áreas de superfície, pele ou a superfície de uma ferida)
- Transdérmica (aplicada na pele para absorção sistêmica através dela)
 
Outras áreas nas quais as drogas podem ser injetadas incluem lesões cutâneas e subcutâneas, tecido nervoso e o ventrículo esquerdo do coração (injeção intracardíaca). Esta última, anteriormente reservadas a uma droga de ressuscitação cardíaca de emergência, a adrenalina, não é mais considerada um via aceitável, segura e efetiva de liberação de drogas na circulação sistêmica.
Durante a anestesia epidural, o agente anestésico local é injetado dentro do espaço epidural (um espaço potencial que permite a injeção da droga sobre a dura-máter).
 
A absorção se refere à passagem das moléculas da droga a partir de diversas membranas mucosas, pele ou tecido subcutâneo para a circulação sanguínea. A distribuição refere-se ao transporte dessas moléculas por meio da circulação sistêmica para os diversos compartimentos fluidos, tecidos e sistemas de órgãos que constituem seus sítios de ação. Por fim, a ação da droga precisa ser interrompida por meio da biotransformação (metabolismo) da droga e da eventual execreção de seus metabolitos para fora do organismo.
Para que esses processos cinéticos aconteçam, as moléculas das drogas precisam ser capazes de atravessar barreiras biológicas (isto é, membrana plasmática das células, o endotélio das paredes dos vasos capilares, as membranas mucosas, etc.). A habilidade de drogas atravessar de fato essas membranas é comentada com mais detalhes nos próximos textos.

domingo, 19 de outubro de 2014

GERAR NOVOS NEURÔNIOS NO CÉREBRO ADULTO



É possível gerar novos neurônios no cérebro adulto?

Sempre acreditamos que neurônios nunca se regeneram, mediante de estudos recentes foram constatados que são produzidos todos os dias neurônios novos.
Hoje sabemos que são produzidos novos neurônios em regiões específicas. Foi constatado pelo programa FAPESP.

Em 1852-1934, o fundador da neurociência moderna e ganhador do prêmio Nobel de medicina em 1906 que foi o médico espanhol Santiago Ramon y Cajal. Ele publicou 1928, o conceito do Sistema Nervoso Central (SNC), que faz parte de uma fixa, não conseguiria regenerar novas células cerebrais após a fase adulta, mesmo as células cerebrais sendo danificadas ao decorrer da vida. Então, após esta data foi instalados perguntas nas mentes das pessoas.

Em 1965, neurocientistas norte americanos Joseph Altman e o bioquímico indiano Gopal Das desafiaram com novos estudos em ratos a teoria de Ramon. Apresentaram evidências da geração de novos neurônios no SNC dos ratos, mas a comunicação dos cientistas abafaram não dando atenção.

Em 1970-1980 novos estudos de Das e Altman constataram na neurogênese o hipocampo (estrutura cerebral) e mesmo assim a comunidade de cientistas abafaram por uma década.

Em 1990, começou a mudar a concepção de Ramon y Cajal por uma psicologa e neurocientista norte americana Elizabeth Gould. Ela estudou por décadas, e e trouxe evidências plausíveis na neurogênese sobre giro denteado (região do hipocampo), estudou vários mamíferos como saguis, roedores e macacos adultos, isto fez que outros neurocientistas estudassem também.

Em 1991, o neurocientistas Fred Gage e colaboradores do Instituto Salk demostraram evidências da neurogênese no hipocampo de humanos adultos.  

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

FARMACOLOGIA IV

1.8 Interações medicamentosas e Contra-indicações
 
 
Contra-indicações tornam não recomendável o uso de certas drogas  em circunstâncias específicas em que seu uso possa ser prejudicial  ou agir contra os objetivos do tratamento em um dada situação.
Algumas vezes, quando drogas específicas são utilizadas concomitantemente ou durante o mesmo período do tratamento, um droga pode influenciar o perfil farmacodinâmico ou farmacocinético da outra. As drogas podem também interagir com outras substâncias, como alimentos ou bebidas alcoólicas. Preparações de drogas para o uso parenteral também não devem ser misturadas na mesma seringa ou mesma bolsa, ou frasco de infusão. Quando uma droga precisar ser diluída para injeção intravenosa, as recomendações do fabricante devem ser seguidas. A solução salina normal, no entanto, é geralmente considerada segura e efetiva, mas não em todos os casos.
E farmacologia, as contra-indicações são circunstâncias, sintomas ou doenças especiais que tornam não recomendável o uso de um droga específica numa dada situação. As contra-indicações podem ser absolutas ou relativas.

FARMACOLOGIA III

1.7 Drogas Estruturalmente específicas e não específicas
 
A estrutura química de uma droga determina seu sítio de ação e a maneira como influenciará a fisiologia do organismo.
Os receptores de ligantes que constituem um sistema de receptores específicos são estruturados tridimensionalmente de maneira a permitir que se liguem a eles apenas substâncias (ou droga) específicas de transmissão de sinais. O sistema de receptores adrenérgicos, por exemplo, permite a ligação de adrenalina (A) e noradrenalina (NA), enquanto o sistema de receptores colinérgico se liga à acetilcolina (ACh) e nicotina (N).

Portando, aceita-se geralmente que drogas que se ligam a receptores também possuem estruturas tridimensionais de certos receptores (dentro de sistemas de receptores específicos). Essas drogas constituem a classe das drogas estruturalmente específicas, o que significa que :
- São terapeuticamente efetivas (isto é, têm valor terapêutico no tratamento de doenças) em dosagens relativamente pequenas.
- Drogas que agem sobre o mesmo sistema de receptores exibirão similaridades estruturais.
- A mudança de sua estrutura química terá uma grande influência sobre sua atividade biológica nos sítios específicos dos receptores.
- Seus sítios de ação primário (área-alvo) são os receptores específicos aos quais elas podem se ligar ( ou seja, formar ligações químicas) porque apresentam estrutura tridimensional e orientação apropriadas. No entanto, é provável que algumas drogas menos potentes pertencentes a essa classe apresentem mais efeitos indesejáveis que as mais potentes, já que frequentemente requerem doses maiores e, portanto, interagem com outros sítios, além dos primários.
A outra classe de drogas é a das drogas estruturalmente não específicas. Essas drogas não compartilham similaridades em sua estrutura química, nas apresentam efeitos terapêuticos (ou biológicos) semelhantes, o que significa que:
- Mudanças em sua estrutura química tendem a produzir pouco efeito sobre sua ação farmacológica.
- Requerem doses relativamente altas para produzir seus efeito os clínicos.
- Alteram quimicamente as membranas celulares, que são seus alvos primários. Para fazer isso, elas provavelmente farão uso de dois mecanismos de ação: o primeiro é cobrir a membrana plasmática dos neurônios com uma camada de moléculas que influencia a permeabilidade das membranas. O segundo mecanismo é atribuído à sua alta lipossolubilidade, que lhes permite dissolver-se na parte lipídica da membrana plasmática, acumulando-se dentro dela, e consequentemente alterando seu funcionamento normal. Etanol e os agentes anestésicos voláteis em geral, e gases anestésicos, como, por exemplo, o óxido nitroso, pertencem a essa classe de drogas. Alterando a membrana plasmática dos neurônios, elas provocam a depressão e a anestesia do sistema nervoso central (SNC).