domingo, 22 de fevereiro de 2015

FARMACOLOGIA V

3.1 Ligação e Afinidade de Receptores

As drogas precisam se ligar aos receptores para produzir seus efeitos. As moléculas das drogas formam ligações químicas com os receptores, e a força dessas ligações é determinada pela afinidade do receptor pela droga.

Antes que uma droga possa exercer qualquer resposta celular ou efeito clínico, suas moléculas precisam ligar-se aos receptores-alvo específicos. As ligações químicas se formam entre as moléculas da droga e os sítios de ligação de seus receptores. Essas ligações são quase de uma natureza fraca, reversível, mais dinâmica.
Algumas poucas substâncias, entretanto, são capazes de formar ligações fortes, co-valentes (irreversíveis) com seus receptores. Os receptores são geralmente destruídos por causa dessas ligações. Os efeitos dessas substâncias ou drogas somente podem ser terminados uma vez que estruturas proteicas  apropriadas, contendo novos sítios de ligação de receptores, tenham sido sintetizadas. Isso explica a prolongada duração de sua ação. Exemplos de drogas ou substâncias que formam ligações co-valentes com seus receptores são os pesticidas organofosforados e a droga anti-hipertensiva fenoxibenzamina, que é usadas para estabilizar a pressão sanguínea de pacientes que sofrem de feocromocitoma, antes de intervenção cirúrgica.

A afinidade pode ser definida como a tendência ou grau com que as moléculas da droga são atraídas para seus receptores. Ela fornece, portanto, uma indicação da força das ligações químicas que se fornam entre as moléculas e os receptores. Drogas com uma alta afinidade por seus receptores exibirão uma tendência maior de se combinar com esses receptores do que drogas com baixas afinidades. Quanto  maior for a afinidade de uma droga por seus receptores, mais potente será a droga. 
Para simplificar o real processo de ação da droga, os seguintes eventos podem ser descritos, já que eles se relacionam à ligação da droga com seus receptores-alvo:

- Moléculas de drogas podem ser vistas como mensageiros químicos que conduzem mensagens (sinais químicos) para alvos biológicos, para realizar mudanças bioquímicas ou elétricas em órgãos efetores.

- Moléculas de drogas formam ligações químicas com seus receptores. Isso produz complexos droga-receptor (moléculas da droga ligadas a receptores).

- Uma vez que o complexo droga-receptor tenha sido formado, uma série de eventos bioquímicos ou elétricos é ativada. Os eventos iniciais servem para amplificar e transmitir a mensagem original para as partes funcionais das células-alvo. Isso é conhecido como transdução de sinal.

- O processo de transdução de sinal pode acontecer tanto por influência direta da permeabilidade da membrana como por um processo de transdução acoplado à proteína G.

- Os eventos subsequentes permitem que os efeitos biológicos sejam vistos nos tecido-alvo e líquidos corporais.

Receptores  acoplados à proteína G bastante conhecidos são os receptores muscarínicos da acetilcolina, os receptores da dopamina, receptores da serotonina e os receptores Beta-adrenérgicos.
Uma vez que a droga tenha sido introduzida no organismo, a associação a receptores de drogas é iniciada. Esse é o processo por meio do qual os complexos droga-receptor são formados. O tempo que uma molécula da droga realmente passa em seu receptor, entretanto, é medido em milissegundos. Isso implica que a dissociação droga-receptor também ocorra. Em farmacologia, diz-se que um equilíbrio foi atingido quando a taxa de associação droga-receptor se iguala à taxa de dissociação droga-receptor.

Molecularmente, a ação da droga leva a consequências diretas ou imediatas, com mudanças nas funções das células ou dos tecidos. A função de uma órgão pode ser afetada tanto diretamente quanto indiretamente. Outras consequências indiretas ou retardadas são mudadas no funcionamento de um sistema de órgãos e eventuais mudanças no funcionamento do organismo inteiro.  Algumas dessas mudanças são benéficas, enquanto outras podem ser indesejáveis.

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